Porque a vida assim como ela é, é bonita
Porque tantas vezes me esqueço disso e queria mais
Porque às vezes me esqueço das coisas simples
Porque sempre que o leio, o releio e inevitavelmente sorrio
Porque é um dos mais belos poemas escritos em português
Aqui vos deixo um excerto do Guardador de Rebanhos
XVIII
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
Alberto Caeiro
quinta-feira, janeiro 19, 2006
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