segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Alive

A capacidade humana de resistir perante a adversidade é algo que mexe comigo. Comove-me.

Há, dentro das muitas histórias de sobreviventes a acidentes, uma história que me marca mais que as outras. A história dos sobreviventes do avião uruguaio que se despenhou nos Andes em Outubro de 1972.

A história é curta: Um avião levanta do chile com destino a montevideu no Uruguay e despenha-se na cordilheira dos Andes, com cerca de 45 pessoas a bordo, a maior parte estudantes e jogadores de rugby da equipa old chirstans. 15 pessoas morrem no acidente e na noite seguinte. Os outros iniciam a luta pela sobrevivência. Fome, sede, frio abiaxo dos 30º, avalanches e finalmente a certeza de que já nãos os procuravam são os ingredientes dessa luta. 2 meses depois do acidente, quando já só restam 16 dos passageiros, 2 decidem tentar encontrar uma passagem para os vales chilenos. Passados 12 dias conseguem. Os 16 sobrevivem. Passaram 72 dias em condições inhumanas, mas sobreviveram.

Um documentário sobre o acidente deu na sexta feira passada no People & Arts. Retive 2 ideias das entrevistas com os sobreviventes.

" Nem sempre podes escolher como morrer. Ali tinhamos essa escolha: Ou escolhiamos morrer esperando, ou escolhiamos morrer andando. Eu escolhi andar, já não me movia nenhuma esperança, mas escolhi morrer a andar: Se tiver que morrer vai ser a andar." Quem diz esta frase foi um dos 2 que decidiu partir em busca de salvamento. Diz a frase depois de vários dias a andar, e ao chegar ao pico da montanha onde esperava ver os verdes vales do Chile. O que viu eram mais e mais picos. Podia ter desistido. Escolheu andar.
A outra frase que retive foi de um dos sobreviventes a falar do seu regresso à casa que o julgava morto: "Estava tudo na mesma. Só mudou a minha fotografia em cima da lareira. Tudo o resto estava igual. A vida das pessoas tinha continuado. Na mesma..."

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