Alguns dias antes da Páscoa fiz uma viagem ao passado: O jantar anual do grupo de empresas onde a Marta hoje trabalha e eu a conheci, onde eu já trabalhei (+ de 7 anos), onde trabalham muitos amigos meus, de onde sou fornecedor e onde o meu Pai trabalhou durante muitos e longos anos (+ de 30 ).
Para lá da estranheza de regressar a locais familiares na pele de um estranho, a noite marcou-me pela emoção de uma pequena historia.
(Mas primeiro abro aqui um parentesis para vos falar do meu Pai.)
Começo pelo Fim: Ele morreu no dia 30 de Agosto de 2003, depois de um ano e poucos meses a lutar contra um tumor escondido algures no seu corpo. Durante esta luta continou sempre a trabalhar, até meter férias no inicio do mês de Agosto. Já não voltou à empresa onde trabalhara muitos anos e onde nos ultimos 10 era director de uma unidade fabril. No seu funeral foram muitas as pessoas da empresa que se vieram despedir, desde empregadas das linhas de produção, a colegas de direcção, numa "enchente" que nos surpreendeu e comoveu e me deixou a pensar que "quando morrer é assim que quero que seja..."
Em casa, antes e depois da doença, o meu Pai falava pouco ou nada sobre o trabalho. Sabiamos que para ele era importante, muito importante, mas pouco mais ... soubemos depois que tb Ele era importante para todos os que com ele trabalhava, ele sabia exigir, motivar, ajudar, e por isso tudo, a presença deles, ali, no seu último Adeus, e nas muias homenagens que então lhe fizeram...
(e fecho agora o parentesis)
Na festa da empresa 2 antigos colegas do meu Pai quiseram falar comigo, tinham um pedido disseram: A Fábrica ia inaugurar um campo de futebol, queriam dar-lhe um nome, e o nome escolhido por todos na Fábrica tinha sido o do meu Pai... (...) foi esta a minha reacção, silêncio, depois de quase 3 anos Ele permanecia como uma referência e uma boa lembrança para eles... agradeci e chorei para dentro
Chorei Pai, porque nem sempre soube reconhecer-te. Chorei porque nem sempre trago comigo o teu exemplo. Chorei porque não te tenho aqui, para te ouvir, seguir ou rejeitar, mas saber que estás aqui. Chorei porque ouvi nos outros a falta que tu me fazes.