quarta-feira, maio 24, 2006

A Música do Acaso

A Música como refúgio.
Ele tocava indiferente aos carros que não paravam. Tocava cego para todos os que ignorava.
Tirava sons do acordeão, buscando sonhos de outros dias, outros momentos, outras vidas.
Era a música, o seu mundo, a sua fuga da realidade.
Naquele pequeno passeio, entre duas vias de trânsito intenso, indiferente... ignorando os carros que o ignoravam ele tocava
Aquela Música do Acaso iluminou o meu fim de tarde.

sexta-feira, maio 19, 2006

Morangos com Açucar Vs Chernobyl

Aconteceu ontem no café.
Tenho, nos últimos dias tomado ali o pequeno almoço enquanto leio o Público e escuto as conversas dos grupos de alunos da Escola Secundária em Frente.
Passava os olhos pelas diversas noticias do Jornal e parei para ler uma cujo titulo dizia " Alergias com sintomas inconstantes..." - Falava do impacto de um episódio dos morangos com Açucar, ondes vários personagens são afectados por uma misteriosa reacção a um virus e correm perigo de vida... dizia eu, falava o impacto que este episódio teve em diversas escolas em que muitos alunos se queixavam de comichões, e de como estes alunos literarlmente inundaram diversos centros de saúde do país... tudo por sugestão... ao fim de poucas horas de espera voltaram calmamente para casa onde puderam ver novo episódio da sua série favorita...
Enquanto lia esta noticia, ouvi um pouca da conversa entre 3 alunas e 1 aluno que se encontravam na mesa ao lada... entre a ida à praia planeada para essa tarde, e o novo corte de cabelo, chegaram sem eu saber como a Chernobyl... interessante, pensei... e continuei a ouvir:
"E isso aconteceu quando?" perguntou uma delas.... "Há muito tempo..." respondeu uma.... "sim durante a guerra." ... "Não sabias o que foi Chernobyl?" perguntou ele, respondendo ela de pronto... "Claro que sim, sabia que tinha sido durante a guerra, não sabia bem quando..."
E fiquei eu a pensar: Guerra?!?!? Qual Guerra? estariam a falar da guerra fria? uhmmm dúvido... é melhor ir ver os Morangos com Açucar.

quinta-feira, maio 11, 2006

Vlad, o Empalador

Ando preso ao livro que relata a procura da verdade sobre Vlad, o empalador - Governador da Valaquia, e a pessoa que deu origem à lenda do Drácula (ou filho do Dragão).

Ando preso, é como quem diz que não consigo largar o livro de Elizabeth Kostova - "O Historiador" - romance que fala da busca por um Historiador e uma antropologa da verdadeira historia de Drakulya.

São quase 600 páginas, onde a História corre a 3 tempos, narrada pela filha do Historiador, pelas cartas do mesmo, e ainda pelas passadas investigações do professor Rossi, correndo 3 gerações, presas a um mistério: O Desaparecimento de todos os que tentam perceber a verdade sobre o descendente da ordem do Dragão.

Vale a pena ler!

terça-feira, maio 09, 2006

Hoje em www.publico.pt... este poema de Pablo Neruda... sem palavras...

Poema 20

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: «La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos».

El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.

La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.

Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Pensar que no la tengo.
Sentir que la he perdido.

Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.

Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.

La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.

Pablo Neruda (1904 - 1973)in "Veinte poemas de amor y una canción desesperada" (1924)

sexta-feira, maio 05, 2006

O Imprevisto

No Brasil, o tipo do transfer aeroporto-pousada questionado sobre se era seguro andar de carro alugado à noite, etc etc, dizia com sotaque brasileiro: " O imprevisto, ninguém prevê!".
Hoje às 17h achei que o meu dia de trabalho tinha acabado em paz: Total Control!!!.... de repente a frase do brasileiro tornou-se uma infeliz realidade, ou em uma qualquer versão da lei de murphy: Quando entre várias coisas que podem correr mal, apenas uma corre mal, será de certeza a pior delas.

quarta-feira, maio 03, 2006

Clap Clap Clap

Acabei de regressar do Brasil, mais especificamente de Arraial d'Ajuda onde gozei uns descansados e repousantes dias de férias.
Ao aterrar em Lisboa, o avião (ou quase todo) rompe numa salva de palmas, agradecendo ao Piloto a viagem e a aterragem em segurança.
Acho que em nenhum outro oficio, que não no meio académico e artistico, se dedicam salvas de palmas a quem executa simplesmenste aquela que é a sua profissão.
Seria interessante no final da viagem da carreira do Eléctrico 28, ou do cacilheiro que diariamente faz a travesia do tejo, os passageiros dedicarem os seus aplausos ao condutor.
Seria curioso, que uma rua inteira se levantasse em plena noite a aplaudir a equipa dos serviços de limpeza da CML que recolhem esmeradamente o nosso lixo.
Seria reconfortante se todos nós recebessemos aplausos pelo simples cumprimento do nosso dever profissional. Seria estimulante se o recebemos sempre que fazemos um esforço extra... mas não, eles estão exclusivamente dedicados a académicos, artistas e... pilotos.
Um bem haja a todos os que não recebem os merecidos aplausos diários.