quarta-feira, outubro 31, 2007

Filosofias(3)

"(...)
Falamos de dança, mas não dançamos.
Falamos de verdade, mas não a pomos em práctica.
Dizemos tudo o que há a dizer sobre o amor, mas não amamos.
Servimos de guia aos visitantes do Templo, mas não rezamos.
Comentamos a Biblia, mas não a lemos.
Achamos fundamental o serviço, mas não servimos.
Explicamos, justificamos, criticamos, analisamos,
mas não nos metermos dentro, nunca falamos a partir
de dentro, do lugar onde as coisas verdadeiramente acontecem.
(...)
"

segunda-feira, outubro 29, 2007

A vida: Dia-a Dia

Dá-nos Senhor, a coragem dos recomeços.
Mesmo nos dias quebrados faz-nos descobrir limiares límpidos.
Não nos deixes acomodar ao saber daquilo que foi:
dá-nos largueza de coração para abraçar aquilo que é.
Afasta-nos do repetido, do juízo mecânico que banaliza a história,
pois a desventra de qualquer surpresa e esperança.
Torna-nos atónitos como os seres que florescem.
Torna-nos inacabados como quem
precisa e deseja e antecipa um amanhã.
Torna-nos confiantes como os que
se atrevem a olhar tudo, e a si mesmos,
com o encanto e a disponibilidade de uma primeira vez.

José Tolentino de Mendonça, dia a dia

Saborear a Vida

"Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se o há de salgar?"

Lucas 14:34

terça-feira, outubro 23, 2007

Era não chegou a ser mas foi

Estive para escrever um post sobre a Amiga Olga. Lembram.se? O programa do inicio da TVI, em que o público gritava: achabe, o dinheiero, não achabe...

Vinha este post a propósito de uma chave (que perdi) e do dinheiro (que custa mudar o canhão da fechadura). A forma como a perdi (àchabe) foi curiosa pois no momento em que a coloquei no tejadilho do carro eu avisei-me mentalmente que a ia perder e dessa forma eu posso chatear-me a mim mesmo dizendo: "Eu bem te avisei!"

Estive para escrever um post sobre a amiga olga fazendo um trocadilho entre a chave e o dinheiro e que bom que era se eu pudesse ao menos ter um deles (a chave ou o dinheiro indiferentemente, teria sempre a ajuda do público para escolher)

Estive para o escrever, mas não o fiz e assim ficou um post: Não como era para ser, já que não chegou a sê-lo, mas antes como foi - assim.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Contra Baixo

De todos os instrumentos, o meu favorito é o contrabaixo.
Descobri-o no fado, num concerto de Camané no CCB. Apaixonei-me por ele no Tango.
É o mais discreto dos instrumentos, apesar do seu tamanho, do seu peso, da gravidade do seu som.
Recusa sempre, quase sempre, o papel principal, mas nele repousam todas as grandes interpretações (nos óscares ganharia certamente o de "best performance in a supporting role"), é ele que marca o ritmo, o compasso, o sentimento.
Ás vezes distraidos ignoramos a sua presença, mas ele está lá, sempre lá na sua omnipresença.
Noutras aparece. Destacado. Ousado e os outros seguem, algo timidos perante aquela presença marcante

sexta-feira, outubro 19, 2007

Starting Point

89.2 / 27.8 medidos ás 10:40 minutos logo a seguir ao PA.

Com uma firme determinação traço os objectivos a atingir até ao fim de Novembro: 80.0 / 24.9 - o ponto em que deixo de estar na categoria do excesso de peso.

Pelo meio uma aposta com este aqui para ver quem atinge os melhores resultados durante o mês de Novembro.

Para comemorar o inicio do percurso vou almoçar ao Painel de Alcântara com o exemplo a seguir, para apenas comer 3/4 da minha vontade.

terça-feira, outubro 16, 2007

"Se puderes olhar vê, Se puderes ver repara"

O "Ensaio sobre a Cegueira" vai passar a filme.

Realizado por Fernando Meireles (o mesmo de "o fiel jardineiro" e "A Cidade de Deus"), somos convidados a acompanhar o processo de realização (do guião às filmagens) no blog do realizador.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Um ano depois...

A minha filha fez ontem um ano. Mãe e Pai tiraram o dia inteiro para mimos e brincadeiras que incluiram um passeio ao oceanário (onde o que ela mais gostou foram os candeiros imbutidos no chão), uma aula de sobrevivência na água e um fim de dia com avós e tios...

(a foto será colocda em breve quando o blogger deixar :( )


terça-feira, outubro 09, 2007

Aprender novas palavras (1)

Para dar inicio a uma série de post que ilustram que eu pouco ou nada sei mais que um miúdo de 10 anos, aqui fica uma nova palavra:

Procrastinar, do latim procrastinatus: pro- (passar, transmitir) and crastinus (de amanhã) - parece que tenho caido um pouco nessa tendência, o que segundo a wikipedia é mau, mas segundo este outro artigo até pode ser bom.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Sentido da Vida (1)

"Most are engaged in business the greater part of their lives, because the soul abhors a vacuum and they have not discovered any continuous employment for man's nobler faculties."
Henry David Thoreau


A Vida e a Morte

Tenho pensado na Morte.

Nada de depressivo ou triste, apenas consequência de uma série de acontecimentos que nela me fizeram pensar: A leitura de "todo o mundo" de Phillip Roth; a entrevista de Lobo Antunes - " A Morte é uma puta e a uma puta não se dá confiança"; e a morte do avô da Marta há cerca de uma semana - morte esperada mas que ainda (e sempre) nos apanhou de surpresa.

Tenho pensado Nela como (inevitável) ponto de chegada, revisto mentalmente o muitas vezes repetido exercicio de imaginar o nosso funeral, quem lá estaria, o que diram de mim, de que se ririam aqueles que ficaram à porta no velório (há sempre gente que fica à porta, há sempre risos até num velório).

Tenho pensado Nela, pensando no que deixarei e no que levarei na hora em que Ela chegar , naquilo que que vou construindo enquanto para Ela caminho, no que perco e deixo para trás ao longo desse caminho, no que agarro e comigo carrego, nas porta e janelas que ora abro ora fecho ao sabor das minhas (in)decisões.

Tenho pensado Nela pensado na Vida, Naquilo que define o que tem sido a minha: Alegrias e equivocos, esperanças e desilusões, trajectos por mim escolhidos ou desenhados por Deus (?).

Tenho pensado na Morte. Fixo a memória em imagens passadas: A multidão (ou assim a senti) no funeral do meu Pai, as cinzas deitadas ao mar, o cheiro quente demasiadamente doce da sala mortuária no velório do Avô da Marta, a dificuldade em encontrar palavras para exprimir pesar e dor sempre que Ela aparece.

Tenho pensado na Morte, nos seus rituais em como esquecemos ali A Vida e então celebramos a Morte.

Tenho pensado na Morte, na minha Morte, e quando esta chegar peço-vos:

abram uma garrafa de vinho, aquela que tem guardada para uma ocasiao especial e brindem à vida, chamem guitarras e cantem um fado, sentem-se à mesa e comam e riam, contando histórias e partilhando alegrias e depois larguem-me as cinzas num mar frio e com ondas devolvendo-me a Deus.

Inquietação

Ontem à noite esta música de José Mário Branco a fechar a série "conta-me como foi" na RTP (série brilhante feita em Portugal)... Encontrei a letra e uma versão ao vivo na Fnac pelo JP Simões.

Inquietação

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inqueitação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda

quinta-feira, outubro 04, 2007

Conversas à volta de um Copo de Vinho (2)

Miles Raymond: What about you?
Maya: What about me?
Miles Raymond: I don't know. Why are you into wine?
Maya: Oh I... I think I... I originally got in to wine through my ex-husband.
Miles Raymond: Ah.
Maya: You know, he had this big, sort of show-off cellar, you know.
Miles Raymond: Right.
Maya: But then I discovered that I had a really sharp palate.
Miles Raymond: Uh-huh.
Maya: And the more I drank, the more I liked what it made me think about.
Miles Raymond: Like what?
Maya: Like what a fraud he was.
[Miles laughs softly]
Maya: No, I- I like to think about the life of wine.
Miles Raymond: Yeah.
Maya: How it's a living thing. I like to think about what was going on the year the grapes were growing; how the sun was shining; if it rained. I like to think about all the people who tended and picked the grapes. And if it's an old wine, how many of them must be dead by now. I like how wine continues to evolve, like if I opened a bottle of wine today it would taste different than if I'd opened it on any other day, because a bottle of wine is actually alive. And it's constantly evolving and gaining complexity. That is, until it peaks, like your '61. And then it begins its steady, inevitable decline.
Miles Raymond: Hmm.
Maya: And it tastes so fucking good.

Sideways 2004

Conversas à volta de um Copo de Vinho




Maya
: You know, can I ask you a personal question, Miles?
Miles Raymond: Sure.
Maya: Why are you so in to Pinot?
Miles Raymond: [laughs softly]
Maya: I mean, it's like a thing with you.
Miles Raymond: [continues laughing softly]
Miles Raymond: Uh, I don't know, I don't know. Um, it's a hard grape to grow, as you know. Right? It's uh, it's thin-skinned, temperamental, ripens early. It's, you know, it's not a survivor like Cabernet, which can just grow anywhere and uh, thrive even when it's neglected. No, Pinot needs constant care and attention. You know? And in fact it can only grow in these really specific, little, tucked away corners of the world. And, and only the most patient and nurturing of growers can do it, really. Only somebody who really takes the time to understand Pinot's potential can then coax it into its fullest expression. Then, I mean, oh its flavors, they're just the most haunting and brilliant and thrilling and subtle and... ancient on the planet.

Sideways 2004

Sobre o Fado

"...
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…
...
"

"Há uma Música do Povo" - Fernando Pessoa