Tenho pensado na Morte.
Nada de depressivo ou triste, apenas consequência de uma série de acontecimentos que nela me fizeram pensar: A leitura de "todo o mundo" de Phillip Roth; a entrevista de Lobo Antunes - " A Morte é uma puta e a uma puta não se dá confiança"; e a morte do avô da Marta há cerca de uma semana - morte esperada mas que ainda (e sempre) nos apanhou de surpresa.
Tenho pensado Nela como (inevitável) ponto de chegada, revisto mentalmente o muitas vezes repetido exercicio de imaginar o nosso funeral, quem lá estaria, o que diram de mim, de que se ririam aqueles que ficaram à porta no velório (há sempre gente que fica à porta, há sempre risos até num velório).
Tenho pensado Nela, pensando no que deixarei e no que levarei na hora em que Ela chegar , naquilo que que vou construindo enquanto para Ela caminho, no que perco e deixo para trás ao longo desse caminho, no que agarro e comigo carrego, nas porta e janelas que ora abro ora fecho ao sabor das minhas (in)decisões.
Tenho pensado Nela pensado na Vida, Naquilo que define o que tem sido a minha: Alegrias e equivocos, esperanças e desilusões, trajectos por mim escolhidos ou desenhados por Deus (?).
Tenho pensado na Morte. Fixo a memória em imagens passadas: A multidão (ou assim a senti) no funeral do meu Pai, as cinzas deitadas ao mar, o cheiro quente demasiadamente doce da sala mortuária no velório do Avô da Marta, a dificuldade em encontrar palavras para exprimir pesar e dor sempre que Ela aparece.
Tenho pensado na Morte, nos seus rituais em como esquecemos ali A Vida e então celebramos a Morte.
Tenho pensado na Morte, na minha Morte, e quando esta chegar peço-vos:
abram uma garrafa de vinho, aquela que tem guardada para uma ocasiao especial e brindem à vida, chamem guitarras e cantem um fado, sentem-se à mesa e comam e riam, contando histórias e partilhando alegrias e depois larguem-me as cinzas num mar frio e com ondas devolvendo-me a Deus.
segunda-feira, outubro 08, 2007
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